Viajar com crianças é viável, com planejamento

Aos três meses de vida, Clara e Nina fizeram suas primeiras viagens. O mesmo aconteceu com Pedro e Luiza. Apesar de isso parecer loucura para muita gente, viajar com crianças pequenas se tornou parte da rotina de algumas mamães aventureiras, como a blogueira Sut-Mie Guibert e a diretora de arte Patricia Papp, ambas com 38 anos, mães das duas duplinhas de pequenos. Independente de serem viagens nacionais ou internacionais, elas levam seus pimpolhos para tudo quanto é lugar e garantem que não há motivos para não fazê-lo porque aquela ideia é que viajar com crianças pequenas dá muito mais trabalho é apenas um mito.

“Sou de família viajante, comecei a viajar quando era muito pequena também e isso sempre foi muito natural para mim. As crianças (ainda mais pequenas) são uma  extensão do nosso corpo e por isso vão junto! Preocupação é deixá-las, isso sim! Prefiro levá-las! Além de que é muitas vezes prazeroso e elas aprendem muitas coisas desta forma”, defende Sut-Mie. Com apenas 6 e 2 anos, as filhas dela, Clara e Nina, já têm passaportes invejáveis, com carimbos de lugares como Grécia, Tailândia, França, México, Argentina e Estados Unidos. Esta é a mesma realidade de Pedro, 10, e Luiza, 4, filhos de Patricia.

As duas mamães são prova de que viajar com filhos pequenos não é nenhum “bicho de sete cabeças” – inclusive, elas não lembram de nenhum grande apuro que tenham passado com as crianças em suas viagens. Além disso, elas garantem que nunca ouviram críticas a respeito desse hábito. Mas, de tanto ouvirem outros pais pedindo dicas de como viajar com tranquilidade e segurança com os filhos pequenos, ambas decidiram compartilhar suas experiências na internet. Sut-Mie tem o blog Viajando Com Pimpolhos, enquanto Patricia escreve para dois blogs diferentes, o seu Coisas de Mãe e o coletivo Eu Viajo Com Meus Filhos.

Além disso, a diretora de arte é sócia de um editora que costuma publicar guias de viagem com o mesmo tema. “Nunca fui criticada, mas percebo que alguns pais realmente ficam perdidos na hora de planejar uma viagem com filhos pequenos para lugares mais distantes (ou que não sejam resorts ou praia). Por isto escrevi o livro Como Viajar com Seus Filhos Sem Enlouquecer, para tentar ajudar no planejamento”, conta Patricia. Neste sentido, de todas as suas dicas para quem está começando, a principal é ser prática.

Organização

“É importante pensar que você tem apenas duas mãos para levar as malas, cuidar das crianças, apresentar documentos no check-in e na imigração, pagar o táxi. Em viagens internacionais, esse cuidado deve ser redobrado. Voos noturnos são mais tranquilos porque as crianças dormem. Também é interessante optar por voos diretos, sem escalas ou conexões, pois sair e entrar em um voo com bebê, bolsa, mochilas, cobertinha, é chato e trabalhoso”, afirma Patricia. Sut-Mie concorda. “Quanto mais simples as coisas ficarem, mais confortável para todos. Quanto menos malas, menos coisas para controlar, arrumar, ver o que está faltando… Nossos olhos e braços têm que estar disponíveis para as crianças!”.

Para que as crianças aproveitem a viagem tanto quanto os adultos, outra dica é incluir passeios nos quais elas se divirtam no roteiro, não apenas fazer o turismo convencional, de adulto. E, naquele momento em que elas se entediarem da viagem, “é importante manter a calma e o bom humor”, como diz Patricia, e pensar em soluções práticas, como apresentar brinquedos, jogos ou até alguma comidinha que as crian&cc,edil;as gostem. “Para que elas não se sintam tão longe de casa, gosto de levar alguns itens como brinquedo preferido, livrinho de leitura… É bom manter alguma rotina, como a leitura de história no final do dia. É bom também preparar a criança para a viagem, envolvê-la, mostrar algum desenho, filme, história do lugar… Assim ela estranha menos e se empolga junto”, orienta Sut-Mie.

E para aquelas mamães que ainda têm dúvidas em levar os filhos pequenos em suas viagens ou não, Sut-Mie dá um recado: “Se joguem!”. “Com uma boa dose de preparação (alivia a ansiedade), de bom humor, de paciência (qualidades necessárias com crianças em geral, até dentro de casa), vocês vão ter momentos muito especiais em família, nos quais todos descobrem coisas juntos, vivem experiências diferenciadas, criam lembranças”, garante. O roteiro ideal para começar? Cada um deve escolher o seu, contanto que esteja dentro das condições (psicológicas e materiais) dos pais. “E não adianta me dizer que as crianças não lembram! Primeiro, que elas lembram sim, durante muito tempo, de alguns detalhes! E segundo, que elas podem até não lembrar do essencial, mas uma sementinha foi plantada e mais do que tudo, nós os pais, lembramos! E com saudades!”, conclui Sut-Mie.

Arquivo Pessoal
Sut-Mie com o marido e as filhas em Tulum, no México; em viagem recente com  as pequenas no Havaí.