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Moradores da Vila 29 de Outubro se estabelecem em invasão

Prestes a completar três anos de fundação, a Vila 29 de Outubro dá sinais de que os moradores se estabilizaram no local. Apesar da ausência de condições mínimas, como saneamento básico, luz regularizada e asfalto, o espaço conta com loja de material de construção, mercados, bares, manicure, oficinas de bicicleta e outros.

Há pouco tempo, as casas -maioria de madeira, enquanto as de alvenaria começam a aparecer – ganharam numeração nova. Isto faz parte do levantamento realizado pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), que começou a analisar a área e trouxe expectativa aos moradores sobre o futuro da invasão. O estudo apontou que atualmente são 915 famílias. Há três anos eram 160.

O banhado de 261.965 metros quadrados, que pertence à Petrobras e ao governo do Estado, foi aterrado aos poucos, conforme as casas eram construídas. A rede de esgoto é improvisada, assim como a demarcação das ruas. O líder comunitário Antônio Negrão, conhecido como Toninho, conta que chegou no primeiro dia da invasão já com o projeto de toda a ocupação em mãos. Além das necessidades básicas atendidas, ele também tem planos para a construção de uma creche e um campo de futebol no local.

Felipe Rosa
Ângela prefere mudar para conjunto da Cohab.

Mesmo com todas as deficiências, quem chegou logo no dia 29 de outubro de 2010 garante que a situação atual é muito boa, principalmente se comparada ao cenário inicial da invasão e também à vida levada antes da mudança para o bairro Caximba. O principal argumento é a possibilidade de ter um espaço próprio, sem pagar aluguel e demais taxas. “Com a Cohab, a tendência é melhorar. Falta saneamento básico, ligação de água. A gente quer um relógio para poder pagar”, prevê Toninho.

Falta muita coisa…

Ex-moradora de Araucária, Ângela Maria Cunha, 35 anos, mora na vila desde o início da invasão com o marido, três filhos e uma neta. Ela trocou o aluguel por um espaço onde “era só barro e mato”. Hoje, com uma casa de sete cômodos, Ângela conta que está mais confortável, mas mesmo assim prefere mudar para um conjunto da Cohab. “Acho que é mais seguro. Aqui não tem mercado, farmácia e o posto de saúde está sempre sem médico”, diz. As enchentes também representam um problema. A família já perdeu tudo o que tinha quando o terreno alagou em 2011.

A 29 de Outubro não é a primeira vila onde Ilza de Lima, 40, já morou. Por isso ela sabe que as melhorias no local ainda vão demorar. “As coisas não acontecem do dia pra noite. Quando morava na invasão da CIC era assim e, se você vai lá hoje, não reconhece”, diz. Ela lembra que quando se mudou, no começo da invasão, sua casa era apenas uma lona preta apoiada por seis ripas de madeira. “Não sei dizer o que mais sinto falta aqui. Em vista do que era, está ótimo”, analisa.

Análise

O levantamento da Cohab servirá de base para um estudo da área que definirá o que será feito com os moradores. As casas foram contabilizadas e as famílias cadastradas, com objetivo de traçar um perfil da invasão. O próximo passo será dimensionar a situação do terreno e avaliar o que será necessário, como solicitar recursos junto ao governo federal e organismos internacionais. Há a possibilidade do local ser regul,arizado ou os moradores serem realocados para outras áreas.

Felipe Rosa
Ilza: melhorias no local ainda vão demorar.